A Exposição Água Viva de Denis Rodriguez – por Leonel Braz
Quando tomei conhecimento da Exposição Água Viva, na Galeria Península, rapidamente percebi a conexão daquele trabalho com o eixo artístico do MUSA. Então, convidei Zoravia Bettiol para fazermos uma visita à galeria. Denis Rodriguez foi muito gentil em nos receber e explicar pessoalmente a concepção do seu trabalho.
Água Viva abre uma janela para a discussão da relação do porto-alegrense com o meio ambiente, o Guaíba e a água. Impressionado com distanciamento da população da água, mesmo ela estando próxima e abundante, o artista tratou de levá-la para dentro da galeria de diversas maneiras.
As 54 boias suspensas nos dão a ideia de que estamos dentro de um gigantesco aquário, uma espécie de arquivo submerso, ambiente propício para o desenvolvimento das ideias do artista.
Mapas, cartas náuticas, colagens e pinturas, como que depositadas no fundo aquário, levam o espectador a perceber as inúmeras relações que água estabelece no seu entorno. Suscitando questionamentos que ultrapassam o uso da água apenas para o abastecimento das cidades.
Em outro momento, o artista amplia o diálogo com visitante através da participação de cinco convidados, que foram instigados a criar soluções para os diversos fatores que impedem um melhor uso e aproximação do porto-alegrense da Orla do Guaíba.
Há inclusive uma votação para uma escolha de um projeto para a construção de uma piscina pública, que seria instalada onde funcionava a Marina Pública, fechada em 2007. Os convidados são Nathalia Cantergiani, Daniel Galera, Marina Portolano, Carol Tonetti e Alberto Gomez.

Alberto Gomez criou um projeto multifuncional em uma cúpula inspirada na escultura Geodésica de Buckminster.
As janelas e as portas da galeria também fazem parte da exposição, gotejamentos dão a sensação às pessoas que passam pela Rua da Praia de que está chovendo lá dentro.
Na verdade, o passante mais atento perceberá que de fato chove lá dentro. Um equipamento de irrigação por gotejamento faz chover no meio da exposição. (Segundo o artista, a ideia é molhar as pessoas mesmo.)
Este inusitado acontecimento ajuda a amplificar o senso crítico do espectador frente à enxurrada de registros expostos. Também, o som dos pingos que se espraia pela sala, produz uma agradável sensação de relaxamento.

Denis fala à Zoravia Bettiol sobre o projeto de Carol Tonetti e Marina Portolano que agrega torre para saltos ornamentais olímpicos.
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O Maior Mosaico de Água do Mundo
Sem qualquer sombra de dúvidas, o trabalho que apresentaremos a seguir, poderia ser exposto nas dependências do nosso futuro Museu. Trata-se do Trabalho do artista plástico Belo, que para sensibilizar o público sobre a crise global da água, criou um mosaico composto de 66.000 copos de água da chuva, coloridos com corante vegetal, simulando as impurezas presentes na água do nosso planeta.
A obra possui 3.600 metros quadrados, consistindo na representação de um feto humano no útero materno, enfatizando a necessidade da água na formação da vida, mesmo antes do nascimento.
Foram utilizados na confecção deste trabalho, 66.000 copos biodegradáveis, 15.000 mil litros de água da chuva da chuva, 1 Kg de tintura vegetal. O trabalho foi executado por 100 voluntários e, durou aproximadamente 62 horas. Colocados lado a lado, os 66.000 copos percorreriam uma distância de 5,2 quilômetros. (*)
O eixo artístico do MUSA será um espaço para receber obras produzidas por artistas nos mais variados formatos, suportes, propostas, enfocando o tema do Museu em diferentes aspectos. etc. (**)
(*) Mais sobre o artista plástico Belo em: http://belostudio.com
(**) Trecho da Proposta do MUSA por Luiz Antoinio Timm Grassi
Edição – Leonel Braz
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Terapia
Deitar o corpo sob as águas,
suavemente flutuar.
Fechar a porta dos pensamentos,
sentir o corpo relaxar...
Edição – Leonel Braz
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9ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul
Os termômetros marcavam 36 graus, quando a artista plástica uruguaia, Ana Laura López de La Torre, fez sua primeira visita a Porto Alegre. Hospedada no centro da cidade e impactada com o sufocante calor, ela vestiu roupas de praia, pegou uma toalha, foi à recepção do hotel e perguntou: – ¿Dónde está la playa?
O moço fez olhos de espanto e explicou que em Porto Alegre não tinha estas coisas. A artista ficou surpresa, não imaginava que uma cidade com uma orla tão grande, não possuía sequer um balneário. Pior, nenhum no centro da cidade e que a praia mais próxima ficava distante cerca de uma hora da capital dos gaúchos.
Convidada para participar da 9ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul, a artista buscou inspiração nesta experiência para criar o projeto “AGUAÍBA”, que entre os vários desdobramentos contou com a performance “Um dia de Praia junto à orla do Guaíba”, realizada no dia 14 de setembro.
“Um dia de praia” transformou um pedaço da orla junto ao Gasômetro num daqueles antigos balneários que havia antigamente em Porto Alegre. O vento constante não deixou que os participantes da performance usassem roupas típicas praianas, mas isso não prejudicou o evento.
Havia uma programação montada com capoeiristas, membros de religiões afro-brasileiras e artistas plásticos.Uma instalação feita com panos de sombrinha coloridos serviu de abrigo para os que necessitaram se proteger dos raios solares.
Brincadeiras antigas não foram esquecidas pela artista, crianças se divertiram soltando pandorgas coloridas.
O clima era de descontração entre os participantes, sendo que a artista incluiu na sua performance a famosa parillada uruguaia (churrasquinho uruguaio) conduzida por um exótico cozinheiro.
Durante o evento aconteceu uma roda de bate-papo, onde a geóloga e presidente do Comitê da Bacia do Lago Guaíba, Teresinha Guerra e o engenheiro Luiz Antônio Timm Grassi, discorreram sobre as atividades do comitê do Lago Guaíba, bem como fizeram um breve histórico das condições de balneabilidade do lago.
Também, houve espaço para a discussão sobre os motivos que levaram ao afastamento do uso da orla como espaço de lazer. Sendo apontados algumas causas como a falta da acessibilidade, segurança, equipamentos urbanos e as constantes polêmicas que a ocupação da orla gera entre população porto-alegrense.
(O site da 9ª Bienal do Mercosul define o trabalho de Ana Laura López de la Torre como voltado à comunidade e à ideia de “bem comum”, sobre o que é comum às pessoas e tudo aquilo que podemos compartilhar voluntariamente através da generosidade e colaboração. Frequentemente partindo daquilo que é subestimado e deixado de lado, o trabalho de Ana Laura cria conexões visíveis e inesperadas entre as coisas, pessoas e lugares. ) * Texto e fotos: Leonel Braz ________________________________________________________________________________A Felicidade Não Se Compra
A mãe molda o ser humano, dentro e fora de si mesma. Com ela damos nossos primeiros passos, aprendemos as primeiras palavras. Seus ensinamentos formam nosso caráter, desenvolvem nossas habilidades. A mãe verdadeiramente amorosa deseja o melhor para seu filho, e generosamente o prepara para a vida. Através do amor incondicional da mãe descobrimos que “a felicidade não se compra”.
Leonel Braz
A seguir vídeo onde a felicidade é explícita.
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Abuella Grillo
Abuella Grillo é um curta de animação, que nos chegou pelo teclado da educadora Arllete Mabilde. Trata-se da atualização de uma antiguíssima lenda boliviana sobre uma vovozinha que era dona água. Além, de ser uma parábola, uma história de forte conteúdo moral, o trabalho constitui-se numa verdadeira obra de arte.
A seguir, apresentamos uma síntese da obra escrita por Elaine Tavares, no site brasildefato.com.br, em 23.10.2010:
“Esta é uma história que é contada milenarmente pelo povo Ayoreo, da Bolívia. Dizem eles que no principio havia uma avó, que era um grilo chamado Direjná. Esta avozinha era a dona da água e por onde quer que ela passasse com seu canto de amor, a água brotava. Um dia, os netos pediram que ela fosse embora e ela partiu, triste. Mas, na medida em que ia sumindo, também a água ia embora.
Neste vídeo, a história se atualiza e na sua viagem para lugar nenhum a avó é encontrada pelos empresários que a aprisionam e fazem com que ela faça a água cair apenas nos seus caminhões pipa. Então, eles vendem a água. O povo passa necessidade e sofre. A avozinha também sofre. Até que um dia, o povo entende que é preciso lutar.
Então…
Vale a pena ver essa beleza de desenho animado, que representa a poderosa luta dos povos originários contra a mercantilização da natureza.
A produção foi feita na Dinamarca, por The Animation Workshop, Nicobis, Escorzo, e pela Comunidade de Animadores Bolivianos. O trabalho de desenho foi realizado por oito animadores bolivianos, dirigido por um francês, com música da embaixadora da Bolívia na França, e a ajuda de um mexicano e uma alemã. Todos juntos na defesa dos recursos naturais”.
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Pintura na Água
Procuramos uma técnica de pintura onde água exercesse sobre o trabalho artístico uma função diferenciada e descobrimos a técnica da pintura na água. Trata-se de um processo pictórico secular surgido em meados do século XV muito comum no mundo islâmico e leste asiático.
Não se trata da simples mistura de água com pigmentos. É uma técnica sofisticada que varia conforme a região. A pintura é feita diretamente em uma lâmina de água que exerce a função de tela e encanta pela sutileza e precisão dos traços.
A pintura na água é uma tradição na Turquia onde recebe o nome de “ebru sanati”, sendo que esta técnica continua popular até hoje. A pintura por vezes dá aos trabalhos formas parecidas com o mármore e outras pedras, podendo ser executada também sobre alguma solução viscosa e utilizando diversos tipos de materiais (ebru = nuvem de água/traços iguais ao mármore – também significa marmorear). Após, atingir a configuração desejada o artista transfere o desenho para um material absorvente como papel ou tecido. Cada trabalho é exclusivo.
Na china os artistas utilizam instrumentos de pontas muito finas e nafta. O grau de sofisticação é tanto, que eles são capazes de criar motivos florais, mandalas e figuras folclóricas da cultura chinesa.
Assim como na Turquia, após conseguir os efeitos desejados os artistas utilizam um tipo de papel absorvente para fixar as imagens.
Aqui neste link um exemplo desta incrível técnica de pintura:
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edição: Leonel Braz
fonte: http://hypescience.com/arte-a-incrivel-tecnica-de-pintura-na-agua/ http://bocaberta.org/2011/06/pintando-na-agua.html ________________________________________________________________________________Música das Águas
por Natascha Braz Aguirre
Desde a nuvem lá no alto do céu, onde mora o pingo que está por descer, até a chuva que cria fontes, regatos, rios e mares existe um ritmo constante, onde contração e expansão, movimento e pausa se revelam no ciclo da água. Ritmo expresso em músicas, que podem transformar os sons dos instrumentos em gotas d’água, cascatas. Ou então melodias que revelam desde a beleza do repouso de um lago, até a fúria de um oceano em meio à tempestade. Chegando às canções que contam um pouco da água, deste elemento misterioso, o qual é capaz de manifestar-se em suas mais distintas formas, permeando a tudo e a todos, elemento vital que merece ser cuidado e respeitado por todos nós.
Ao fazermos música ela se revela através de vibrações, ondas que não podemos ver, mas que somos capazes de sentir e ouvir. Já a água é movimento constante, vibração que vai e vem, melodia constante a encantar, inspirar.
Para coroar esta belíssima reflexão, oferecemos aos nossos leitores a música “Pingo”, composição do porto-alegrense, da travessa dos Venezianos, Cássio Degrazia, no Arranjo de Risomá Coreiro neste link: http://www.youtube.com/watch?v=CTt-MwLNejw
* Natascha B. Aguirre é professora de Música da Escola Waldorf Querência http://www.ewq.com.br/ ______________________________________________________________________________Lusco-Fusco/Twilight (vídeo Arte)
Lusco-fusco é o momento de transição entre o dia e a noite, ou seja o crepúsculo vespertino e o crepúsculo matutino. Também, é o momento do dia proprício para a meditação através da simples contemplação do horizonte . Nosso lusco-fusco no caso é no ocaso (pôr do sol) às margens plácidas (tranquilas) das águas do Guaíba.
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Nicolás Uriburu – Água, Arte & Protesto
Nicolás Garcia Uriburu nascido em Buenos Aires em 1937. É um arquiteto, artista e pioneiro land-art. Expôs seus trabalhos em importantes museus e galerias de todo o mundo.
Desde que realizou a coloração do Grande Canal de Veneza, durante a Bienal, em 1968, tenta através das suas intervenções em grande escala na natureza fazer um alerta contra a contaminação dos rios e mares.
Com sua arte, provida de um certo significado político (União da América Latina através dos rios, não as fronteiras políticas, etc.), denuncia o antagonismo entre natureza e civilização e entre o homem e a civilização.
Uriburu desenvolve paralelamente à sua carreira, um importante trabalho social. Ergue-se na defesa do meio ambiente através de ações como as plantações de árvores, tanto aqui como na Europa. Também é membro fundador do Grupo Bosque, grupo com o qual participou em campanhas de reflorestamento em Maldonado, Uruguai.
Em Buenos Aires, preside da Fundação que leva seu nome. Esta fundação dedica-se ao estudo da arte dos povos nativos da América. É curador vitalício do museu que leva seu nome na cidade de Maldonado, Uruguai. Nele exibe a coleção de pinturas e esculturas que o artista doou ao Estado uruguaio.
De acordo com Schopenhauer todo homem que concebe uma idéia e deseja comunicá-la, tem o direito de recorrer à arte. Uriburu usa este direito com perfeição, a idéia de conscientização presentes em suas pinturas, nas intervenções na natureza e ações sociológicas, nos leva a refletir como sociedade, nos alerta, nos chama para que tomemos consciência do nosso entorno, nos indica um caminho.
Os conceitos de Nicolás Garcia Uriburu estão na natureza e são direcionados para o homem comum, com a intenção de transformá-lo.
O debate natureza versus cultura surge a partir dos avanços da tecnologia. Dos anos 60 até hoje, são poucos os artistas que utilizam fio condutor de sua obra a denúncia e o protesto em defesa da natureza. Originalmente chamada de Land Art, ou ação direta sobre a natureza, alguns projetos podem ser vistos como parte do movimento ambientalista internacional.
A primeira experiência em grande escala feita Nicolás Garcia Uriburu foi em junho de 1968, quando durante a Bienal de Veneza de arte coloriu de verde as águas do Grande Canal (3 km) para protestar contra a poluição de suas águas. Depois, seguiu Robert Smithson Spiral Jetty com ela em abril de 1970 e Robert Morris para o projeto Ottawa, em maio 1970.
A ameaça de degradação do ambiente natural, no século XXI, pelo aquecimento global, destruição das florestas tropicais, pesca predatória e escassez de água (apenas 2% da água mundial é doce e a maior parte está congelada em geleiras e calotas polares) são temas recorrentes na obra do artista.
Texto: nicolasuriburu.com (tradução Leonel Braz) Saiba mais em… http://www.nicolasuriburu.com.ar/_____________________________________________
Esculturas Com Água
As limitações dos órgãos da visão humana são enormes. Estamos condenados pela nossa natureza a receber apenas uma pequena gama do espectro electromagnético (a que chamamos luz visível), a distinguir um reduzido número de cores ou a ser enganados por movimentos rápidos devido ao efeito de persistência retiniana. E se, mesmo assim, nos deslumbramos com o que vemos, quando com o simples apertar de um botão nos é revelado todo um mundo novo de fenómenos e realidades físicas a nossa reacção é de espanto e admiração.
É assim a fotografia de alta velocidade. Não é arte, apesar da beleza surpreendente de algumas das suas imagens; é pura técnica, resultado do disparo no tempo certo de um frio aparelho fotográfico perfeitamente sincronizado com o movimento e com a iluminação precisa. É um tipo de fotografia analítica ou documental que não não tem, por isso, um objectivo artístico. Mas o que dizer quando alguém se dedica a pôr em jogo estes sofisticados meios com um intuito estético?
Sabemos que a arte não depende dos meios com que é produzida mas sim da razão por que é feita. Um domínio total dos meios parece, pois, ser necessário para extrair da matéria toda a sua “alma”. É o que faz Martin Waugh. Mas a sua matéria – a água – é amorfa e, sobretudo, efémera. A fotografia de alta velocidade permite-lhe captar a beleza fugaz de um momento irrepetível. Tudo é então cuidadosamente planeado: a iluminação, as cores, o ângulo, a profundidade de campo, a velocidade de obturação, o instante exacto… Voilá!
Lei mais: http://obviousmag.org/archives/2007/07/esculturas_com_1.html
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Algas Marrons e a Arte Efêmera
Caminhando por uma praia do litoral norte gaúcho me deparei com siluetas e miragens desenhadas na areia.
A composição era bastante interessante: as águas da maré, as algas marrons e a areia interagindo, fazendo desenhos que se transformavam a cada avanço e recuo das ondas.
A primeira coisa que me veio à cabeça foi: “arte efêmera”. Saquei a máquina digital e capturei alguns destes momentos.
Pesquisando sobre o assunto encontrei o seguinte comentário de Mirtes P. Peroger sobre arte efêmera:
“Primeiro contemplar, admirar, observar o que a Natureza já descartou, pois cumpriu seu papel, para então criar, realizar, imprimir ação: agir, interagir, buscar, se perder em meio à beleza, seja ela viva, morta ou… Efêmera! Trabalhar os sentidos, as emoções! Uma abertura de visão para as coisas simples, que estão ali, muita vez sob nossos pés, mas que podem virar “ARTE” em pouco tempo e assim também desaparecer em minutos… Ao primeiro vento, ao sinal do tempo, pela ação dos passantes… É o trabalho interno do “desprendimento” das coisas materiais, restando apenas o momento: através das fotos, que eternizam a arte efêmera.”
Um comentário perfeito para descrever aqueles inusitados momentos em que o olhar criativo humano se deparou com a Mãe Natureza fazendo as vezes de artista plástica.
Este encontro com a arte efêmera foi possível graças ao fenômeno conhecido como“mar chocolatão”. Esta expressão é utilizada pelos veranistas gaúchos para designar as condições do mar nos dias em que ele apresenta a cor amarronzada. A visão causa desconforto e preocupação. Poucos banhistas se arriscam a entrar na água.
foto: gastao30.wordpress.com foto: skyscrapercity.com
A cor marrom se deve a uma substância oleosa composta por algas pardas mortas acumuladas no fundo do mar, devido aos resíduos orgânicos oriundos de rios e lagos, elas proliferam vertiginosamente criando gigantescos depósitos. De de vez em quando se deslocam destes depósitos para as praias e areias do litoral gaúcho. As mudanças de fluxo nas marés, correntes marinhas, ventos e as variações de temperatura são algumas das causas para a movimentação desta substância amarronzada rumo à costa litorânea.
Texto e fotos: Leonel Braz
artebrasilis.blogspot.com/…/arte-efemera-mirtes-f-pegorer.html
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Esculturas Submergirão
Um exército de figuras humanas vai deixar a praia em Cancún, no México, para ser submerso. As esculturas de Jason DeCaires Taylor vão ajudar na recuperação das barreiras de corais. As esculturas são feitas de cimento. Com sua obra, DeCaires tenta unir a arte e o meio ambiente.
Até o fim do ano começará a última fase do trabalho. DeCaires, o Parque Nacional Marítimo e a Associação Náutica de Cancún vão convidar outros artistas para contribuir para o museu submarino.
Sua obra, ” Evolução Silenciosa”‘, é inspirada em pessoas reais – na maioria mexicanos comuns – que foram transformadas em esculturas submarinas para dar abrigo à vida marinha.
O escultor conta que há enorme pressão sobre os corais na região de turismo intenso. Sua intervenção tenta representar a responsabilidade de todos sobre os danos ambientais, sob uma perspectiva ” otimista ” .
A composição química e o acabamento em cimento das esculturas promovem a colonização da vida marinha, que com o tempo vai cobrir as esculturas em cores diferentes .
As primeiras peças deste museu submarino, submersas em 2009, são o ‘ Homem em Chamas ‘ (baseado em um pescador local), o ‘ Colecionador de Sonhos Perdidos ‘ e a ‘ Jardineira da Esperança ‘, na foto abaixo.
Com sua obra, Decaíres quer ressaltar que, apesar de nos cercarmos de edifícios, não podemos esquecer o quanto dependemos da natureza.
O principal grupo – que consiste em 400 figuras pesando mais de 120 toneladas – será submersa nas próximas semanas. Quando isso ocorrer, o artista vai perder o ‘ controle estético ‘ sobre sua obra, que ficará a cargo da natureza.
Os modelos vivos usados por DeCaires vão desde uma freira de 85 anos até um menino de 3 anos. Para fazer os moldes, ele cobriu de gesso um contador, uma professora de ioga, um estudante, um acrobata e até um jornalista da BBC.
Fonte: BBC Brasil http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2010/09/100909_galeriasubmarina.shtml__________________________________________________________
Zoravia Bettiol – Arte & Consciência Ecológica
Na primeira postagem do eixo artístico, apresentamos um relato da artista plástica porto-alegrense Zoravia Bettiol, no qual ela nos fala da sua relação com as causas ambientais e a importância da arte para conscientização da sociedade sobre os problemas ligados ao meio ambiente.
Na minha história familiar a beleza e o prazer que a natureza provoca e a harmonia do homem com o ambiente natural (lembrando que isto ocorre quando o ser humano tem suas necessidades essenciais bem resolvidas) foram ensinamentos implantados por meu pai, um professor e advogado, com sólida formação humanista, desde os primeiros anos de minha vida.
Ensinamentos estes que fluíam naturalmente em passeio dominicais, nas redondezas da Rua Santa Cecília (antiga Rua Larga onde nasci), em piqueniques que meus pais organizavam e na contemplação a noite dos astros nas diferentes épocas do ano. Com este tipo de formação a conseqüência natural foi eu ter ingressado na Ação Democrática Feminina, hoje Núcleo Amigos da Terra (NAT) e na Associação Gaucha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN) no inicio da década de 80.
Como artista meu primeiro trabalho de temática ambiental foi sobre os problemas ambientais solicitado pela Magda Renner para uma manifestação pública, nos anos de chumbo.
A instalação, “Sobreviveremos?”, modalidade artística historicamente recente, foi o núcleo da exposição Verde que te quiero verde, apresentada no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, MARGS, em 1979, composta também por desenhos e textos de personalidades relacionadas à literatura como Luis Fernando Veríssimo, José Lutzenberger, Moacyr Scliar, Mario Quintana, Federico Garcia Lorca, Oscar Nyemeyer entre outros. Abordei temas como a poluição das águas, o desmatamento, a desigualdade social e a harmonia com o ambiente natural.
Seguiram-se outras instalações coletivas como Me Dejas Loco América e Proteja a Vida apresentada na fachada do Mercado Público de Porto Alegre.
A reciclagem do lixo foi abordada na instalação Reciclarte exposta no DC Navegantes no evento Essa Poa é Boa.
O conhecimento de que o efeito estufa provoca um aumento de temperatura na terra, que tem como conseqüência gravíssimas alterações climáticas provocou a criação da minha mais recente instalação individual Alerta Ambiental – degelo e desertificação apresentada na Feira Internacional do Meio Ambiente – FIEMA 2010, Bento Gonçalves.
A comunidade tendo o acesso da obra de arte por meio de exposições individuais e coletivas com forte apoio da mídia tem penetração popular e no mínimo conscientiza e pode colaborar a engajar as pessoas a serem militantes e defensoras do ambiente natural contra a depredação ecológica, motivada, principalmente, pela ganância das indústrias, do setor imobiliário atrelados a políticos inescrupulosos.
“É importante levar as manifestações artísticas nos três níveis nas escolas brasileiras por meio de programas relacionados à ecologia e que tenham periodicidade para passar e atualizar os conhecimentos e com o objetivo de construir cidadãos conscientes e com sentido crítico.”